sábado, agosto 12, 2006

Cópia não autorizada

Usurpei esse poema do Feijoada quase completa (http://www.feijoadaquasecompleta.blogspot.com/) gostei pra caralho e tá ai:

Vício

Sua poesia já me consumiu três cigarros.
Também uma folha A4 inteira de sonetos mal feitos
Como um fraque esquecido no armário à espera
De que lhe encham os bolsos com
As mais bonitas palavras.
Mas pensando bem é assim mesmo: quando o coração
Não mais cabe numa folha, haverá outras em branco.
Basta entender esta complicada ferrovia
E pensar que tudo não passa de estações estações estações.
Em outros papéis, apesar de brancos, saias, varandas, tantas músicas
E correrias nas escadas ainda te esperam.
Esperam bocas que irão marcar feito carimbos passados
Em cartório situado na azul terra dos homens.
Esperam mares em ressaca onde o horizonte
Teima em se esconder, incorrigível.

Tiago Groba

de alguma forma me lembrou o Dos Três Mal-Amados Palavras de Joaquim - Cordel do Fogo Encantado:

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato
O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço
O amor comeu meus cartões de visita, o amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome
O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas,
O amor comeu metros e metros de gravatas
O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus
O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos
O amor comeu minha paz e minha guerra, meu dia e minha noite, meu inverno e meu verão
Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte